Antes
de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em
que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com
a Natureza. [...] Não se trata aqui das
primeiras formas instintivas, animais, de trabalho.
[...] Pressupomos o trabalho numa forma que pertence exclusivamente ao
homem.
Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha
envergonha mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de suas colmeias.
Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele
construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do
processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na
imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. Ele não apenas efetua uma
transformação da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na matéria
natural seu objetivo, que ele sabe que determina, como lei, a espécie e o modo
de sua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade. [...]
MARX, Karl. O capital:
crítica da economia política.
São Paulo: Abril Cultural, 1983. Livro 1, tomo I. Trecho adaptado, retirado do
cap. V - O processo de trabalho.